domingo, 18 de julho de 2010

Impromptu Sobre O Amor

    Estranho sentimento este que nos escolhe sem pedir autorização.
    Podemos tentar controlar o vento ou as marés, tentar prever se amanhã faz sol ou não, mas não conseguimos dominar a força deste nobre sentimento.
    A nossa vida é feita de escolhas. Na infância é possível que tenhamos de optar entre um brinquedo ou outro. Aos poucos vamos escolhendo as nossas amizades. Um dia somos forçados a decidir qual a área profissional que queremos seguir. Escolhemos o carro e a casa que queremos ter, ainda que por vezes não estejam logo ao nosso alcance. Ou simplesmente optamos por sair de casa vestidos de azul em vez de amarelo. Todavia, nunca escolheremos a quem amar. É sempre o amor que nos escolhe a nós, na hora, no tempo e local que ele acha certo.
      Às vezes amamos a pessoa "errada", quando nos parece haver tantas outras que seriam a pessoa "certa", por uma ou outra razão. Mas essa nós não conseguimos amar, por mais perfeita que seja. Amamos a outra, a errada, a imperfeita.
       Hoje fui ao cinema com umas amigas de longa data, não interessa referir qual o filme que fomos ver. Numa das cenas houve um pedido de casamento. O homem ajoelhou, abriu uma caixinha de veludo de onde espreitou um magnífico anel de diamantes e fez a tão conhecida pergunta, da forma mais bela que alguém poderia fazer. O pedido de casamento com que a maioria das mulheres sonha ou sonhou um dia. E, naquele instante, apercebi-me que se fosse a personagem feminina, apesar de tudo tão perfeito, ter-lhe-ia dito mais uma vez que não. Perguntar-me-ão porquê. Dir-me-ão que não o amava. Não, simplesmente não. Há coisas que não se explicam, apenas se sentem.
        Ninguém disse que o amor era um sentimento fácil. É um sentimento bom, sim, mas nem sempre nos faz felizes. Por vezes magoa-nos, mesmo quando amamos quem nos ama.
        Há também quem o confunda com a fogosa, a carnal e passageira paixão. Ó doce engano! O amor não levanta ondas, mas pode mover montanhas. O amor é protecção, é carinho e respeito (como me dizia uma querida amiga outro dia). Respeito pelo outro, mas, principalmente, por aquilo que nós somos. Quem ama, ama por inteiro, corpo e alma, qualidades e defeitos, não exige ao outro que não exista, que não seja quem é. Quem ama aprende a viver com as diferenças, porque elas existem, até nas pessoas mais semelhantes. Todas as vidas têm problemas, batalhas a travar, mas o verdadeiro amor sabe ser paciente e enfrentá-los. Não há mar de rosas que para sempre dure e até as rosas têm espinhos. Mas não há dúvida que a seguir a um chuvoso dia de trovoada apreciamos melhor os raios de sol.
       Seja como for, o amor opera verdadeiros milagres e vale muito a pena.
       Amem muito, semper et ubique!

3 comentários:

Isália disse...

Olá amiga...Não sei se fui eu que disse que depois daquela paixão inicial, vem o amor, o carinho e o respeito. mas é certo que partilho dessa opinião. Lembro-me dos meus namoricos de escola, em que naqueles dois/tres meses em que andavamos de mão dada e trocavamos beijinhos tudo parecia perfeito e para a vida, seriamos capazes de tudo para estar juntos...contudo, acabava a escola acabava o namorico, não era suficientemente forte. Quando iniciei a relação que tenho hoje, já lá vão 10 anos, era uma simples criança a virar adolescente que cresceu de mãos dadas com o amor, o respeito, o carinho, a compreensão e sempre com a ideia que sou capaz de enfrentar tudo e todos para ser feliz ao lado dele. Casei, sou feliz, contudo, não tive um pedido de casamento como no filme, não tive um anel que fosse da mãe ou da avó, ou simplesmente comprado para mim, mas isso não me importou. Disse o sim e não tive nada disso. o mais importante de tudo é que sou feliz ou lado dele e imagino-me muito mas muito velhinha ao lado dele...Sei que ele não é perfeito, mas se o amor nos escolheu para nos amarmos um ao outro penso que isso significará alguma coisa :) beijos grandes amiga...e um dia quando o amor te escolher e escolher aquela pessoa, tu vais saber se é certo ou não...

Anónimo disse...

Olá linda,

Apesar de concordar contigo em muitos aspectos, não posso deixar de dizer que também é preciso arriscar para se saber se tudo dará certo. Amar por inteiro exige muito de nós e temos de saber dar, sem por vezes sabermos se iremos receber. O amor dura o tempo que durar e, mesmo que um dia aquela paixão termine, existirá sempre aquele amor dócil e tranquilo em que nós apenas ficamos no conforto de um abraço.
Não se pode exigir tudo de uma vez ao nosso coração, pois ele pode não aguentar.

Um beijinho
F.M.

Tita disse...

fizeste pensar na minha vida. quem ama perdoa ;-) ; quem ama é paciente, contem a revolta que sente em não confiarem em nós para fala; pensar que se atravessa uma fase menos boa da vida na esperança de melhorar mais dia menos dia... Dar uma oportunidade a quem ja nos deu uma anteriormente; ignorar as crises existenciais do outro; resistir á tentação, por acreditar que as coisas se vão resolver. e se o amor magoa? magoa... mas é bom quando as feridas saram e tudo é recompensado. bjs.