E oculta mão colora alguém em mim.
Pus a alma no nexo de perdê-la
E o meu princípio floresceu em Fim.
Que importa o tédio que dentro em mim gela,
E o leve Outono, e as galas, e o marfim,
E a congruência da alma que se vela
Com os sonhados pálios de cetim?
Disperso... E a hora como um leque fecha-se...
Minha alma é um arco tendo ao fundo o mar...
O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-se...
E, abrindo as asas sobre Renovar,
A erma sombra do voo começado
Pestaneja no campo abandonado...
Fernando Pessoa
La condition humaine, Renée Magritte
3 comentários:
Poema e imagem a condizerem-se excelentemente.
Obrigado.
A Méon
Eu é que agradeço o comentário simpático.
Esse blog é inteirinho lindo e de muito bom gosto.
Parabéns
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